Nasci a 21 de Fevereiro de 2005

domingo, fevereiro 25, 2007

Parabéns, filho!


2 anos. Custa a crer, mas no dia 21 fizeste 2 anos. Estás tão crescido, filho! E és ainda tão pequenino. É difícil, por vezes, gerir este sentimento ambíguo que nos leva a desejar ver as tuas próximas etapas e, ao mesmo tempo, querer que continues a ser o nosso bebé. Temos orgulho em ver-te crescer, mas ficamos com saudades do que já passou...
No dia do teu aniversário fizemos questão de levar o Bolo do Noddy (o melhor bolo de aniversário que já provei) ao infantário. Gostaste tanto da surpresa! E ontem, com a família e os amigos fizemos a festa. Estavas tão feliz, filho! Gostaste tanto da tua festa. Deliraste com as tuas prendas e ficaste exausto de tanto brincar com o G. e o J. E nós estavamos tão felizes, também. E desta vez - ao contrário do que aconteceu no Infantário - já sabias o que fazer para apagar a vela do bolo fantástico. Parabéns, D!

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Em Fevereiro...

... esqueçamos Janeiro.
Façamos de conta que o ano começou agora. Janeiro foi mau. Muito mau.
Logo no dia 3, sofreste uma reviravolta na tua vida. O sítio onde estavas desde os teus 5 meses de idade teve de fechar. Foi preciso encontrar um novo local para ti e optámos por um Jardim de Infância perto da escola da mamã. Não conseguiste perceber o porquê. Porque é que te tinha passado a deixar num sítio estranho? Todas as manhãs choravas e agarravas-te a mim a pedir que não te deixasse ali. Eu fazia-me de forte e não quebrava. Mantinha o sorriso na esperança de que este te convencesse, mas o meu coração passava o dia tão apertado...
Os dias foram passando e tu foste-te habituando cada vez mais. Sexta-feira, dia 12 (mais parece que foi 13), ao ir buscar-te fui informada de que estavas um pouco murchinho, sempre a pedir colo. Procuraram por febre, mas não a encontraram. Viemos para casa. Parecias outro. Brincaste, pulaste, correste. Viste o Ruca e chegou a hora do banho. O papá pegou em ti e levou-te para cima. Eu fiquei a preparar-me para ir buscar o jantar e estava quase a sair de casa quando oiço o teu pai aos gritos a chamar por mim. Fiquei gelada, sem reagir. O teu pai desce as escadas a correr a pedir-me, em pânico, para ligar para o 112. E então vi-te. Estavas rôxo, com os olhos a revirar e em convulsões. Parecias sufocar...
Atirei-me ao telefone e os breves segundos que demoraram a atender-me pareceram-me horas. Gritei, supliquei por ajuda. "Aguarde um momento, minha senhora. Vamos passar a chamada a um médico". De novo, uma espera insuportável. Entretanto, peço ao teu pai que te leve para a rua, esperançada que reanimes sob o ar frio. Sou atendida por uma médica (com uma voz tão serena) que me pede calma e a explicação do que se passa. Diz-me o que fazer. Pede que seja o teu pai a vir ao telefone e que eu te vá dar um banho morno para te fazer baixar a temperatura e que te coloque um benuron. Chamo o teu pai para dentro e pego em ti. Estás acordado, mas de olhar perdido e tremes. Levo-te para cima e preparo o teu banho. O teu pai vem para cima e diz-me que a médica quer falar comigo novamente. Enquanto desço as escadas a correr, começas a chorar. Muito, muito. Pego novamente no telefone e oiço aquela voz tão doce (acho que nunca a esquecerei). "Está a ouvir o seu filho? Vê como ele não tem falta de ar? Portou-se muito bem, portaram-se os dois muito bem." Fico a pensar nos nossos gritos de desespero, na nossa aflição e sinto-me envergonhada a pensar que não nos portámos assim tão bem. A médica diz-nos que vai mandar uma ambulância a nossa casa que, por ser a 1ª convulsão do D., o levará ao hospital para se tentar descobrir a razão. Despede-se de mim e garante-me que está tudo bem. Obrigado, muito obrigado. Nunca me senti tão grata a ninguém na minha vida.
Já de banho tomado, o teu pai traz-te para baixo e deita-te no sofá a aguardar a chegada da ambulância. Fico contigo e o teu pai vai no carro ao encontro dos bombeiros para facilmente chegarem a nossa casa. Estás ainda assustado, não percebeste o que se passou, o descontrolo que viste nos teus pais. Viste o teu pai a chorar e a mãe a gritar ao telefone (neste dia - ainda por cima - o teu pai fora dar um abraço a um amigo que velava a filha de 1 mês e meio que falecera durante uma operação ao coração).
Chega a ambulância. Não são paramédicos, mas sim bombeiros que dizem que afinal não te vão levar para o Hospital de TV, mas sim para o Centro de Saúde de M. Protestamos. Não foram essas as ordens do 112. Tinham de te tirar a febre, comunicá-la à médica que nos atendeu e levar-te ao Serviço de Urgência Pediátrica do Hospital e no Centro de Saúde não há Pediatria. "Pois, pois. Mas não nos pagam essa deslocação". E um deles tira-te dos meus braços e leva-te para a rua. O teu pai descontrola-se e pega em ti e pede-me para fechar a casa que vamos nós levar-te ao hospital. O outro bombeiro pede ao colega para serem eles a levar-te ao hospital, mas o outro recusa-se. Não levou um murro porque tu estavas nos braços do teu pai.
Chegamos ao hospital. O teu pai dirige-se contigo de imediato para a triagem. Eu fico para trás a dizer o que se passa. Pedem-me apenas a tua data de nascimento, o teu nome e mandam-me entrar. O enfermeiro verifica se tens febre (não tinhas) e manda-nos subir para seres observado pelos médicos. Não demora muito a seres chamado. És observado e pedem RX e análises. Depois dos exames feitos resta-nos aguardar. Nesta altura, já tu és o D. de sempre. Ao colo do papá, contas os números do telefone público e identificas todos os animais do quadro que alegra as paredes brancas. E reclamas. Muito. Queres ir brincar para o chão, mas não pode ser porque a mamã se esqueceu de te trazer sapatos e estás apenas em fralda. Na sala de espera, deixamos-te brincar em cima das cadeiras de madeira. Imitas um outro menino que se entretem a passar de uma para as outras. Somos novamente chamados e a médica diz-nos que estás com os ouvidos inflamados e uma infecção nos pulmões. Mas as análises deixam que te levemos para casa, ainda assim. Que bom, que bom. Receitou-te um antibiótico, benuron para a febre de 6 em 6 horas e mandou-nos embora.
No dia seguinte, telefono ao teu pediatra a informá-lo do que se passou. Diz-nos que não te demos o benuron porque é importante saber se fazes febre ou não. Que ficas em casa durante uma semana e que quer ter notícias tuas. Durante essa semana nunca tiveste febre, mas sinto que os teus pulmões não limpam. Continuas com gatinhos e tens tosse, o teu apetite diminuiu muito. Perdes peso. Vamos ao pediatra sexta-feira, dia 19. Confirma que os pulmões estão tão sujos como há uma semana atrás, aquando do RX. Manda fazer um tratamento de choque com muitos aerossóis e medicação durante o fim de semana e quer voltar a ver-te na segunda-feira.
Segunda-feira, dia 22. O Dr. A. confirma que os pulmões começaram a limpar. Manda continuar o antibiótico, fazer aerossóis e ficar em casa o resto da semana. Na segunda, dia 29, será altura de voltares ao infantário.

Pois... Não contávamos com a sexta-feira, dia 26. Às 16:30, estavas no sofá a ver televisão. Preparo-me para te dar a penúltima dose do antibiótico. Olho para ti e sinto-te de olhar perdido. Estás branco. Chamo pelo teu pai. Quando ele chega perto de nós já estás em convulsão. Desta vez não nos descontrolamos. Tremo por dentro, mas preparo de imediato o banho morno e vou buscar o benuron enquanto o teu pai te despe. Tiro-te a temperatura: 37, 3 ºC. Como é possível que sejam convulsões febris? O que se passará contigo? Ligo novamente ao pediatra. Acalma-me e recomenda que vamos à farmácia comprar um medicamento anticonvulsivo para termos em casa em caso de SOS. Pergunta-me com que termómetro te tirei a temperatura. Com aquele termómetro XPTO, caríssimo que se passa na testa e não incomoda a criança, claro. Pede-me que te meça a temperatura rectal com um termómetro tradicional. Veredicto: 39,7 ºC. Pôrra, Pôrra! Com que então não tinha febre? Merda para as tecnologias!
Dormes um bom soninho, vestido apenas com um pijama de verão. Chega a hora de jantar. Comes pouco. Queres brincar e é isso que fazes até te chegar o soninho. Deito-te a meu lado no sofá, para vigiar esse teu sono. Ficas tão lindo a dormir. Passada uma hora acordas e pedes-me água. Sinto-te quente. Decidimos colocar-te outro benuron e dispo-te o pijama. Passados 5 minutos entras em convulsão. Vomitas em jacto a àgua que bebeste. Não hesitamos. Dirigimo-nos imediatamente ao hospital. Desta vez para Lisboa, para o Santa Maria onde o teu pediatra é um dos chefes de serviço.
Durante a viagem, dormes. Tão lindo, novamente. Chegamos e tu acordas. Que chatice, outro hospital! Não queres ficar. Depois da Triagem voltamos à Sala de Espera. "Mamã, anda! Papá, pópó!", repetido vezes a fio nas 2h e meia que demoras a ser chamado. A médica que te observa descobre a possível origem da brincadeira. A tua amígdala direita está infectada. O antibiótico afectou o teu sistema imunitário e abriu as portas a mais esta infecção. "Não vai tomar nada. Passa em 3 ou 4 dias. Como já teve 3 convulsões vou passar-lhe um papel para ir à Consulta de Neurologia Pediátrica fazer uma despistagem, está bem?". Está, claro.
Um novo Sábado, novo telefonema para o Pediatra. "Veja como é que ele passa este fim de semana e, se acharem necessário, levem-no à consulta na Segunda". Passas o fim de semana sem febre, mas quase não comes. No Domingo, apenas bebeste 1 biberão e meio de leite ao longo do dia. Claro que vais à consulta.
"A amígdala já está como nova. Já passou. Vai passar mais esta semana em casa apenas para ficar mais forte e voltar ao infantário em melhor forma".


Hoje é Sexta-feira. Mas já estamos em Fevereiro. Nunca mais teve febre, já come melhor. Aos poucos vai recuperando os mais de 10% de peso que perdeu no último mês. Tem melhor cor.
Tenho esperança em Fevereiro.




"When the dog bites and the bee stings, and I'm feeling sad, I simply remember my favourite things and then I don't feel so bad."